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Bovinocultura projeta boas perspectivas no segundo semestre

Apesar de o
Brasil ainda estar às voltas com a pandemia do novo coronavírus e das projeções
de recessão global, o Paraná vê se desenhar boas perspectivas para a
bovinocultura de corte no segundo semestre deste ano. Por um lado, os dados
apontam que os produtores do Estado estão retendo as fêmeas, o que tende a
reduzir a oferta de animais para abate. Para além disso, a China deve manter
seu ritmo de importação de proteína animal, o que ajuda a sustentar os preços
no mercado interno. Todo este contexto aponta para um cenário favorável ao
setor, principalmente em termos de preço.

Um desses
indicativos veio à tona em 10 de junho, quando o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Trimestral do
Abate de Animais (PTAA). Os números revelam que o Paraná reduziu em 2,7% o
volume de abates, processando 329,6 mil animais, com 80,8 mil toneladas de
carne produzidas. Apesar disso, o levantamento revela que o número de vacas e
novilhas levadas ao abate foi 5,4% menor, o que revela a retenção de fêmeas.

“Apesar da
redução no número total de animais abatidos, atividade pecuária no Paraná passa
por um momento intenso. A demanda por animais mais jovens vem ganhando força
entre os consumidores brasileiros e também no mercado externo”, observa
Guilherme Souza Dias, técnico do Departamento Técnico Econômico (DTE) do
Sistema FAEP/SENAR-PR.

Além disso, a
bovinocultura de corte conseguiu conservar o bom momento iniciado no segundo
semestre do ano passado. A arroba do boi gordo, cotada a R$ 153 em outubro,
atingiu a casa dos R$ 204 em dezembro. Apesar da redução de consumo provocada
pela pandemia de Covid-19, os preços continuaram em patamares elevados.
Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da
Agricultura e Abastecimento (Seab), a cotação média do boi gordo no Paraná está
em R$ 198 em junho de 2020.

“Nem mesmo a
arroba aquecida nesse início de 2020 estimulou os criadores ao descarte de
fêmeas”, ressalta Souza Dias. “Este ano se consolida, portanto, como característico
de retenção de fêmeas, o que reduz a oferta e exerce pressão de alta no mercado
do boi gordo. Adicionalmente, o gado de cocho deve encolher frente ao
verificado no ano passado em função dos altos custos, colaborando para esse
cenário”, explica.

Conforme os
especialistas do setor, essa sustentação de preços está relacionada ao aumento
das exportações brasileiras de carne bovina, que se mantiveram aquecidas,
principalmente, por causa da China. Nos cinco primeiros meses deste ano, a
faturamento com essas vendas externas aumentou 22,9%, chegando a US$ 2,6
bilhões. No mesmo período, os embarques do Paraná recuaram, mas o aumento
significativo das exportações do Brasil sustentou o preço no mercado interno.

“Em plena
pandemia, os preços se mantiveram em estabilidade e isso é bastante positivo
para o setor. Principalmente porque, historicamente, o segundo semestre tende a
ser melhor para a bovinocultura de corte e devemos ter a recuperação do
consumo. As expectativas são positivas tanto no mercado interno quanto para as
exportações”, aponta Rafael Ribeiro, zootecnista e consultor de mercado da Scot
Consultoria.

Observando a
série histórica do IBGE, Souza Dias acrescenta um ponto importante: nas últimas
vezes em que houve redução do abate de fêmeas no primeiro trimestre – em 2015 e
2016 –, foi reflexo da valorização das cotações do bezerro no ano anterior. Em
setembro 2015, por exemplo, os preços atingiram o recorde, com a cabeça cotada
a R$ 1.505 – o que, corrigidos pela inflação, daria R$ 1.977. Para efeitos de
comparação, em março deste ano as cotações do bezerro chegaram a R$ 1.890 e, em
junho, ficaram em R$ 1.773, conforme a média ponderada calculada pelo Centro de
Informação Agropecuária (CIA), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Efeitos externos e internos

Apesar da
previsão de recessão mundial, inclusive nas principais economias do globo, os
especialistas preveem que, ao longo do segundo semestre, as vendas externas de
carne bovina devem continuar firmes. Isso principalmente em razão da demanda da
China, que consome cerca de 60% desta proteína animal embarcada pelo Brasil.
Além das consequências da pandemia do novo coronavírus, o país asiático ainda
não se recuperou de surto de Peste Suína Africana, que dizimou milhões de
cabeças de suínos, o que levou a recorrer a outros fornecedores externos.

“O mercado
internacional tem peso de cerca de 25% na bovinocultura de corte brasileira. Ou
seja, é um valor considerável. A atividade também depende bastante das
exportações”, diz Ribeiro.

A ressalva
fica por conta à imagem que o Brasil vem passando a outros países, por sua
atuação no combate ao novo coronavírus. Recentemente, a China suspendeu, por
exemplo, as importações de carne da Austrália e dos Estados Unidos. Com o
avançar dos casos de Covid-19 pelo mundo também se acirraram as preocupações
dos exportadores em relação às operações de frigoríficos e indústrias que
processam alimentos, em geral.

Após essa
movimentação, o país deu uma sinalização positiva aos importadores. Em 19 de
junho, os Ministérios da Agricultura, da Economia e da Saúde emitiram uma
portaria conjunta definindo medidas obrigatórias que frigoríficos e lacticínios
devem adotar, para mitigar os riscos de transmissão da Covid-19 nas unidades de
abate e processamento de carnes e derivados de leite.

“É uma medida
positiva do governo brasileiro, porque sinaliza para os nossos compradores
externos que estamos preocupados e adotando medidas mitigatórias contra o novo
coronavírus”, avalia Souza Dias.

Em relação ao
mercado interno, o técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR aponta que a manutenção do
consumo em meio à pandemia será decisiva para a continuação da tendência de
alta da cotação da arroba. Neste ponto, também será determinante o tempo que o
país vai demorar para se recuperar dos efeitos causados pelo isolamento social
e da retomada da atividade econômica.

“Essa
tendência altista somente deve se confirmar caso não haja uma restrição muito
grande da demanda interna, que ainda absorve entre 75% e 80% da nossa
produção”, observa Souza Dias. “Ainda não está claro como a pandemia vai afetar
o consumo de carne bovina, pois se por um lado havia a sinalização de
afrouxamento das restrições, com a reabertura de restaurantes e food services,
por outro a escalada de novos casos nos últimos dias tem revertido esse
quadro”, acrescenta.

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Fonte: Sistema FAEP



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