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BOM ANO PARA O TRIGO

A previsão de um inverno com tempo seco e a elevação no preço do trigo mudaram de um cenário desanimador para uma safra de inverno promissora.  Além disso, o agricultor ficou motivado com a produção e o bom preço da soja e o resultado foi inesperado – faltou semente de trigo para este plantio. O chefe geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcellos Vieira, passou pelas principais regiões produtores do cereal no País e verificou que o cultivo do cereal ganhou força neste ano. Nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no norte do Paraná o plantio foi com tempo seco.

“O plantio foi no pó, mas o estabelecimento e o desenvolvimento da cultura foram bons” – destaca Vieira que estima aumento de área nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, devido a liquidez do produto a cada safra, um sistema de produção que favorece a lavoura subsequente com a rotação de cultura e a produção de palhada.

Para a região Sul, a tendência é de uma safra com maior investimento e a Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul (ACERGS) projeta crescimento na área, passando de 691,5 mil hectares em 2017 para 750 mil hectares neste ano.

“Temos a certeza que desta vez a área não vai cair no Rio Grande do Sul e só não será maior porque faltou semente” – analisa o presidente da ACERGS, Vicente Barbiero.

“De um total descrédito num primeiro momento, o que vemos agora é que o produtor está animado com a safra de soja, com o preço atual do cereal positivo e também, com a previsão de tempo seco, ele começa a lembrar da safra 2016 que teve boas produtividades” – reitera o chefe geral da Embrapa Trigo. 

Chefe geral da Embrapa Trigo visitou as principais regiões produtoras do Brasil e constatou otimismo nesta safra.

Chefe geral da Embrapa Trigo visitou as principais regiões produtoras do Brasil e constatou otimismo nesta safra.

A pesquisa tem uma opinião bem embasada de que uma boa safra de verão começa com o acerto na safra de inverno e que é preciso visualizar a propriedade como um todo, olhando o sistema de produção.

“É importante colocar palhada, produção de raiz para melhorar a permeabilidade do solo, esse solo mais estruturado aumenta a matéria orgânica e depois vai ter maior retenção de água, favorecendo a safra de verão” – esclarece Vieira.

Já o Primeiro Levantamento de Intenção de Plantio para a Safra do Trigo 2018 da Emater sinaliza para uma leve queda na área gaúcha. Os números indicam uma redução de 3,35% em relação à safra passada, passando para 668.395 hectares este ano. Considerando uma produtividade média de 2.142 kg/ha, calculada a partir das produtividades médias das últimas dez safras, a produção total a ser alcançada seria de 1,431 milhão de toneladas – 16,71% acima das 1,226 milhões de toneladas colhidas em 2017, devido à baixa produtividade registrada (1.777 kg/ha). Esse primeiro levantamento foi realizado em 282 municípios, abrangendo 97% da área de produção do Estado.

ACERGS estima safra em 750 mil hectares, já Emater aponta leve queda de 3% na área, mas projeta produção de 1,4 milhão de toneladas – 16% acima da safra passada

SEGREGAR PARA GANHAR MAIS

O selo de qualidade de origem conquistado em muitas regiões do País para comprovar o diferencial de determinado produto, como é o caso do vinho, é um exemplo que o analista da Trigos e Farinhas, Luiz Carlos Pacheco, considera importante a cadeia produtiva do trigo perseguir para segregar a produção, conforme as características de cada região.

“Segregar de acordo com as características de solo e cultivar mais adaptada para cada região e o moinho pagar um prêmio por este produto” – reitera Pacheco.

O presidente da ACERGS reforça que é importante segregar no plantio – escolher de duas a três cultivares de trigo branqueador e melhorador (70% do trigo consumido no Brasil é do tipo pão) – para depois armazená-las de forma adequada.

“É importante escolher cultivares que possam ser plantadas e posteriormente armazenadas juntas sem perder a qualidade de origem para atender as necessidades da indústria. Se não tivermos qualidade, não teremos liquidez” – esclarece Barbiero.

RUMOS DA PESQUISA

A líder em melhoramento genético de trigo no Brasil com aproximadamente 75% do mercado – a Biotrigo – desenvolve novas cultivares buscando dois caminhos: competitividade e qualidade. Conforme o diretor técnico da Biotrigo, Ottoni Rosa Filho, para ser competitivo é fundamental produzir com segurança e obter produtividade elevada, acumulando gens de rendimento e alta qualidade. A segurança é alcançada com cultivares mais resistentes as principais doenças e que permitam um gerenciamento mais fácil para tocar a lavoura. Nesse processo, o papel da genética é determinante.

“Temos que garantir uma safra com segurança para que o produtor todo o ano colha e bem, com qualidade para a indústria querer muito esse produto” – analisa Ottoni.

Os lançamentos da Biotrigo tem características bem definidas – de um lado uma espécie de trigo Premium – o TBIO AUDAZ tem como grande diferencial a alta produtividade, tornando-se a testemunha em termos de rendimento da principal empresa de genética do País, além de qualidade excepcional para pão.

“Vai ser difícil de superar em produtividade, vou ter que suar” – comenta o diretor da Biotrigo que também acredita que o TBIO AUDAZ será uma plus em qualidade para os moinhos.

Outra cultivar que também será multiplicada neste ano pelos produtores de semente e estará a disposição dos agricultores na safra 2019 é o TBIO SONIC – este com um nicho bem definido – trigo ultra precoce com ciclo de cultivo de 10 dias a menos que os precoces. O material é bem completo com resistência a manchas e ferrugem, aliado a satisfatória produtividade e qualidade.

“É uma ferramenta diferente porque o ciclo é único – complementa.



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