Biodiversidade

BIODIVERSIDADE É DESTAQUE NO RS

Mais de 300 pessoas participaram nesta quarta-feira (10/07), no Salão Paroquial de Passo do Sobrado, do 4º Encontro Regional de Sementes Crioulas e Mostra de Agroindústrias. O evento destacou as potencialidades econômicas e nutritivas destas sementes e foi promovido pela Emater/RS-Ascar e Prefeitura de Passo do Sobrado.

No início das atividades, a doutora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Patrícia Medianeira Grigoletto Londero, falou sobre a “Qualidade nutricional do milho crioulo na alimentação humana”, destacando a composição dos alimentos e a importância dos nutrientes, em especial as proteínas. A palestrante ressaltou que as sementes crioulas envolvem a mão de obra familiar e comunitária, alta biodiversidade genética e biológica e intercâmbio ecológico com a natureza.

“Elas são um patrimônio da agricultura e por isso devem ser preservadas. As sementes crioulas são sustentáveis, precisam de pouco insumo externo”, frisou.

Em seguida, os extensionistas da Emater/RS-Ascar, Giovane Ronaldo Rigon Vielmo e Lilian Alessandra Rodrigues, falaram sobre o trabalho desenvolvido pela Instituição no município de Ibarama que, juntamente com os Guardiões de Sementes Crioulas, há mais de 20 anos promove o resgate e preservação de diversas variedades de milho, feijão, abóbora, entre outras.

“Fizemos a avaliação de produtividade de variedades de milho crioulo na safra 2018/2019 e o resultado foi satisfatório, visto que obtivemos maior lucro quando comparado aos cultivos híbridos, devido ao menor custo de produção, dado principalmente à prática de guardar as sementes para o cultivo em anos posteriores”, frisou Lilian.

Segundo ela, o custo de produção por hectare das cultivares crioulas foi de R$ 850,00, sendo que as variedades híbridas ultrapassam R$ 2 mil por hectare.

Finalizando as atividades da manhã aconteceram os relatos de experiência Unidade de Beneficiamento de Sementes Crioulas da Cooperfumos, com o engenheiro agrônomo Josuan Sturbelle Schiavon, e a Experiência com Sementes Crioulas, pelo agricultor Reinaldo Rodrigues.

“Tenho 83 anos e em toda a minha vida sempre cultivei as sementes crioulas. Faço minha produção sem usar pesticidas ou qualquer outro produto. A natureza faz parte do nosso viver e precisa ser preservada”, frisou Rodrigues, que cultiva variedades de feijão e melancia, entre outras.

A gerente regional da Emater/RS-Ascar, Lúcia Souza, destacou a importância das sementes crioulas para a Agricultura Familiar.

“É fundamental manter e preservar a agrobiodiversidade crioula. A Agricultura Familiar, a Emater e as entidades envolvidas desenvolvem um excelente trabalho no resgate dessas sementes”.

Oficinas
À tarde foram realizadas oficinas com vistas a ampliar o conhecimento dos produtores em diversidade na alimentação e boas práticas de colheita e armazenagem. Na primeira, o engenheiro agrônomo e assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Josemar Parise, e o representante da Wilpa, Alceu Arenhard, abordaram a secagem e armazenagem de grãos, a viabilidade econômica da construção de silos nas pequenas propriedades, o manejo de pragas em grãos armazenados e as vantagens de manter o produto (grãos) nas unidades de produção.

A segunda oficina destacou a “Biodiversidade no prato: utilização de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs) na alimentação”.

No espaço, a professora da Escola Família Agrícola de Vale do Sol (Efasol), Cláudia da Rosa Gonçalves, mostrou algumas Pancs que existem nos campos e que não são consumidas, informando suas propriedades nutricionais e buscando a valorização de produtos da biodiversidade. No espaço houve degustação de produtos como pães de Ora-pró-Nobis, Hibisco, Caramoela, bolo de pinhão, geleia de Açaí Jussara, entre outros.

O controle biológico de pragas e doenças nas culturas foi o tema da terceira oficina, ministrada pelos extensionistas da Emater/RS-Ascar, Maikel Marlon Morais e Djeimi Isabel Janisch, e pela bióloga Gabriela Alles. Na prática foram destacados os organismos Trichograma Trichoderma e Bacillus, seus benefícios e alvos de controle, como lagartas, fungos de solo e insetos, que atacam as culturas.

“A estratégia do controle biológico deve ser preventiva e visa ao reequilíbrio do ambiente de cultivo”, frisou Djeimi.

O 4º Encontro Regional de Sementes Crioulas e Mostra de Agroindústrias contou com o patrocínio do Sicredi, Afubra, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo do Sobrado e Wilpa, com apoio da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), por meio do Plano Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (Pleapo), escolas Família Agrícola de Vale do Sol (Efasol) e de Santa Cruz do Sul (Efasc), Articulação de Agroecologia do Vale do Rio Pardo, Cooperfumos, UFSM, Coopasvale.e Centro Vocacional Tecnológico (CVT).

Fonte: Emater



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