irrigação

ARMA CONTRA A SEDE

Esclarecer à sociedade as especificidades do consumo da água pela agropecuária é um tema recorrente entre representantes do setor e que foi responsável por reunir cerca de 200 produtores nesta quinta-feira (7). O assunto foi o principal tema do 1º Seminário Estadual de Irrigação realizado pela Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR Goiás). O evento, que contou com a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), buscou envolver a população nas discussões sobre o uso consciente da água pelo agronegócio.

O presidente da FAEG e do Conselho Administrativo do SENAR Goiás, José Mário Schreiner, destacou a importância do debate num cenário de crescimento da população mundial.

- Nos reunimos hoje porque temos a convicção de que segurança hídrica e alimentar estão diretamente relacionadas. Sabemos também que nenhuma nação fica em paz se faltar o alimento na mesa das famílias. Discutir segurança hídrica e consequentemente segurança alimentar é discutir a paz no mundo – avaliou.

Schreiner lembrou ainda que, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), dentro de 25 anos, a produção irrigada será responsável por 80% dos alimentos produzidos no mundo. “Por isso, é extremamente importante que além de discutirmos o uso da água na dessedentação humana, passemos também a apontar soluções em tecnologia de irrigação e de transporte, como as hidrovias”, argumentou ainda o presidente.

Produtor de grãos no município de Cristalina, região onde se encontra a maior área irrigada da América Latina, Josino da Veiga Antunes compareceu ao Seminário e comentou sua relevância. “Esse evento é muito importante para nós que muitas vezes não temos conhecimento e aceso à informação. Hoje estamos vendo a necessidade de nos organizarmos melhor para poder debater todos os assuntos nos comitês de bacias hidrográficas”, comentou.

Palestras

Wilson Bonança, consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacou que o setor agropecuário deve participar ativamente das discussões acerca do uso da água.

- Não podemos nos deixar intimidar diante das acusações de que o agronegócio consome a água com irresponsabilidade. Somos prestadores de serviços ambientais na medida em que a água usada na irrigação volta para as bacias hidrográficas em melhor qualidade do que quando foi captada – argumentou.

Para o consultor, responsável pela palestra “Pegada Hídrica: Desafios e perspectivas no meio rural”, o principal desafio de todo o sistema produtivo brasileiro, neste momento, deve ser a definição de um modelo eficiente e sustentável de gestão da água.

- O grande desafio que enfrentamos hoje no Brasil é de gestão dos recursos hídricos. O uso da água na irrigação é a arma que a agropecuária tem para ajudar a matar a sede da população mundial – defendeu Bonança.

Pegada Hídrica 

Wilson Bonança discutiu ainda os números da Pegada Hídrica, indicador definido com base no volume total de água usado no consumo direto e indireto durante a produção e consumo de bens e serviços. Para o palestrante, chegar a um indicador de Pegada Hídrica que reflita a realidade do consumo de água no Brasil e um dos principais desafios da agropecuária.

- Nenhum dos estudos que indicam que para se produzir um quilo de carne são necessário milhares de litros de água, por exemplo, foi feito com base na produção brasileira – informou ele.

Protagonismo

Após Bonança, o representante da Associação dos Arrozeiros de Alegrete no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, Ivo Mello, destacou a necessidade de o produtor se inserir nos debates referentes ao consumo dos recursos hídricos como quem melhor entende de gestão da água no Brasil.

- Eu desafio qualquer pessoa a me apresentar qual o setor da economia brasileira tenha maior expertise na utilização da água que o irrigante. Nós temos expertise suficiente para dialogar qualquer um sobre o uso da água – afirmou Mello.

Para Ivo Mello, o produtor rural precisa assumir o protagonismo da economia brasileira dentro e fora da porteira. O palestrante considera que, para isso, só existe um caminho.

- Se queremos ser protagonistas, temos que tomar as rédeas da história –  destaca Mello.

Eduardo Veras, presidente da Comissão de Irrigação da FAEG comemorou a participação dos produtores no evento.

- É uma alegria ter esse auditório cheio de pessoas que compartilham com a Comissão de Irrigação a mesma preocupação com a segurança ambiental e hídrica, com o uso racional da água, sempre norteados pela ciência –  defendeu ele.

O 1º Seminário de Irrigação teve início às 9h dessa quinta-feira (7) e seguiu até às 17h. Antes de Wilson Bonança e Ivo Mello, os participantes foram recepcionados pelo presidente da FAEG, José Mário Schreiner, que conduziu cerimônia que contou com a presença do vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Agricultura e Irrigação, José Eliton Júnior, entre outras autoridades. Xico Graziano, colunista do jornal Estado de São Paulo e ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo também proferiu palestra pela manhã.

Fonte: Canal do Produtor



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